2 de abril de 2010

Amargo

Me sinto amarga. A cada saliva engolida sinto um amarguinho no fundo da boca e no inicio da garganta. Penso num café expresso sem açucar ou num chocolate meio amargo, que apesar do doce é o amargo que me faz não gostar desse chocolate.
É um pouco de repressão esse amarguinho que não é ruim... o pescoço travado, o peito travado, os olhos apertados. Não é choro porque choro tem gostinho salgado e embrulha a garganta quando a gente segura.
A minha garganta só tá travada, não tá embrulhada. As lágrimas já sairam demais e tá na hora de manter o foco. Talvez seja esse manter o foco que me deixe amarguinha.
E eu me pergunto: manter o foco em que? quando não tenho nada pra focar, nada pra realizar.
Acho que é um manter o foco pras coisas não me afetarem novamente. Mas fazendo isso eu acabo na defensiva. Sem atacar, realizar, dançar e me distrair eu acabo é contraindo o corpo e tentando manter a defensiva, o que não me faz feliz... nem triste (será?).
As vezes a vontade é de não sentir nada. NADA. e eu fico pensando que eu não sentiria as coisas boas, o prazer.
E eu desejei muito sentir tudo! E que tudo me afetasse, mas isso mais me doi do que me dá prazer. Sem um filtro eu me encolho e retraio.
Cansei do amargo da minha boca.

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