27 de setembro de 2009

Querendo quebrar

Estufo o peito e me estilhaço em raiva. São fragmentos fragmentarios destruindo tudo ao meu redor. Espelho quebrado. Vida estilhaçada. Mas o estilhaço é bom, gosto de fragmentos, gosto de não saber se tem fragmentos faltando ou sobrando em minha vida. Gosto do não saber e do esquecer e do se perder.
Enviaram-me 77 carta querendo saber onde estou, porque estou, o que eu sou e o que farei. Não tenho planos, não quero ter planos e se tiver planos pretendo mudar de idéia em 1, 2, 3... pronto... mudei de idéia. Acho hilariante correr sem saber pra onde, cheirar sem saber o que, esperar por algo que não se sabe com quem nem onde vai acontecer. A surpresa nova de uma novidade que já passou. Sempre será surpresa se chegar no momento certo, ou quem sabe no momento errado me faça mais inconstante. Gosto do sabor de se perder, do sabor de não saber o que. Fazer gargalhadas, imitar palhaçadas, chorar até se quebrar, até não sobrar mais nada pra contar. E não saber o porque disso tudo por fim.
Não se lembrar, nem querer se lembrar, continuar no vazio, pairando, levitanto, viajando sem querer chegar a algum lugar. Pensamentos soltos. Frases soltas. Palavras sem nexo formam uma frase sem nexo e no fim tudo tem fim. Mesmo sem saber o que significa e se isso complica ou descomplica minha vida. Quero não querer, quero me jogar ao sabor do vento e deixar os contratempos para trás, fazer o que eu quiser quando quiser e fazer sorrisos por ai, lágrimas por ai, delícias de viver por ai, sem me importar com mais nada, com as nuvens chuvosas no céu, ou com o copo sujo de gordura na pia.
Quero pegar o telefone e desligar na sua cara, ou atender e ouvir o tú, tú, tú, tú, tú no meu ouvido.

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