7 de abril de 2010

O palco

Tudo lhe parecia tão claro e tão exposto que sentia até vergonha de remoer um pouco mais sobre isso. As coisas pareciam não precisar mais serem pensadas nem conversadas nem atuadas. O ensaio já tinha sido ensaiado e reensaiado e a cenas refeitas com personagens, sem personagens, com objetos e sem falas. Tudo lhe pareceu tão claro e perfeitamente enquadrado naquele instante que não havia espaço para duvidas.
- Vamos lá! - Pensou consigo mesma e mergulhou nos instantes seguintes, naquele momento já havia a certeza do que faria. Não lhe importava o certo, o errado, o ensaiado e que talvez tudo fosse uma mentira. - Vamos lá! - Repetiu e mergulhou sabendo que voltaria sã e salva.
No palco tudo lhe pareceu diferente do que foi refeito mentalmente e mentalmente ensaiado. As atuações eram verdadeiras e intensas, a entrega foi real, mas foi tudo diferente de um jeito bom.
Por fim ao voltar a superficie falou consigo mesma que ficaria sã e salva. E remoendo um pouco o que não havia mais pra remoer pensou que não ficaria sã e salva.
- Vamos lá! - Disse para si. E foi embora sem olhar pra trás. Sem remoer nada, apenas completa de fatos e sentimento momentaneos, apenas com a certeza de que tudo sempre dá certo. - Vamos lá viver!

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